Parnasianismo
O termo Parnasianismo surgido na França para nomear o grupo de poetas reunidos nas antologias intituladas Le Parnasse Contemporain, publicadas a partir de 1866, tornou-se nome de Escola e estendeu-se a outros países, como o Brasil. Conforme afirma Antônio Cândido: "Além do francês, só no Brasil houve um movimento chamado Parnasianismo, diretamente inspirado nele". (CANDIDO, Antonio; CASTELLO, J. Aderaldo. Presença da Literatura Brasileira. Volume II. São Paulo/Rio de Janeiro: Difel, 1968, p. 124).
A tríade parnasiana é a forma como ficou conhecido o grupo de três poetas parnasianos brasileiros de maior destaque: Alberto Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac.
Pesquise sobre um dos autores parnasianos e suas obras. Escreva no comentário um poema com referência do site pesquisado.
Adriel Souza 2°ano AM-
ResponderExcluirO ÍDOLO
Sobre um trono de mármore sombrio,
Em templo escuro, há muito abandonado,
Em seu grande silêncio, austero e frio
Um ídolo de gesso está sentado.
E como à estranha mão, a paz silente
Quebrando em torno às funerárias urnas,
Ressoa um órgão compassadamente
Pelas amplas abóbadas soturnas.
Cai fora a noite - mar que se retrata
Em outro mar - dois pélagos azuis;
Num as ondas - alcíones de prata,
No outro os astros - alcíones de luz.
E de seu negro mármore no trono
O ídolo de gesso está sentado.
Assim um coração repousa em sono...
Assim meu coração vive fechado.
ALBERTO OLIVEIRA
http://www.academia.org.br/academicos/alberto-de-oliveira/textos-escolhidos
Muito bem!
ExcluirJoão Victor 2°BM
ResponderExcluirDormes…
Dormes… Mas que sussurro a umedecida
Terra desperta? Que rumor enleva
As estrelas, que no alto a Noite leva
Presas, luzindo, à túnica estendida?
São meus versos! Palpita a minha vida
Neles, falenas que a saudade eleva
De meu seio, e que vão, rompendo a treva,
Encher teus sonhos, pomba adormecida!
Dormes, com os seios nus, no travesseiro
Solto o cabelo negro… e ei-los, correndo,
Doudejantes, sutis, teu corpo inteiro
Beijam-te a boca tépida e macia,
Sobem, descem, teu hálito sorvendo
Por que surge tão cedo a luz do dia?!
Olavo Bilac
https://www.google.com.br/url?sa=t&source=web&rct=j&url=https://escolaeducacao.com.br/amp/melhores-poemas-de-olavo-bilac/&ved=2ahUKEwjI_OzJztfeAhWDlZAKHeaGBMgQFjAiegQIAxAB&usg=AOvVaw2lI5LqXFrZ-HCf0igOpibd&cf=1
Muito bem
ExcluirAMOR E VIDA
ResponderExcluirEsconde-me a alma, no íntimo, oprimida,
Este amor infeliz, como se fora
Um crime aos olhos dessa, que ela adora,
Dessa, que crendo-o, crera-se ofendida.
A crua e rija lâmina homicida
Do seu desdém vara-me o peito; embora,
Que o amor que cresce nele, e nele mora,
Só findará quando findar-me a vida!
Ó meu amor! como num mar profundo,
Achaste em mim teu álgido, teu fundo,
Teu derradeiro, teu feral abrigo!
E qual do rei de Tule a taça de ouro,
Ó meu sacro, ó meu único tesouro!
Ó meu amor! tu morrerás comigo!
(Sinfonias, 1883.)
Raimundo Correia
http://www.academia.org.br/academicos/raimundo-correia/biografia
Ana Carolina 2AV
ExcluirMuito bem!
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ExcluirJeiseane Silva 1°BV 2
ResponderExcluirMaio (François Coppée - tradução de Raimundo Correia)
Há um mês foste-te embora;
E eu sofro de ti distante,
Embalde viceja agora
O lilás fresco e odorante.
A sós, fujo ao claro brilho
Deste céu que me exaspera,
Pois aumenta o horror do exílio
O esplendor da primavera.
Contra os vidros transparentes
Da alcova de onde não saio,
Batendo as asas trementes
Ouço os insectos de Maio.
Do sol ao rútilo beijo
Cerro os lábios, desgostoso,
E só, do lilás desejo
O húmido ramo cheiroso;
Pois em meio às suas dores,
Do lilás, minh'alma em ânsia,
Vê teus olhares — nas flores,
Teu hálito — na fragrância.
https://www.google.com/amp/s/www.infoescola.com/literatura/parnasianismo/amp/
Sua atividade é Quinhentismo.
ExcluirEmilly Silva- 2BM
ResponderExcluirMármores de Francisca Júlia da Silva – em sonda
Quieta, enrolada a um tronco, ameaçadora e hedionda,
A boa espia … Em cima estende-se a folhagem
Que um vento manso faz oscilar, de onda em onda,
Com a sua noturna e amorosa bafagem.
Um luar mortiço banha a floresta de Sonda,
Desde a copa da faia à esplêndida pastagem;
O ofidiano, escondido, olhos abertos, sonda …
Vai passando, tranquilo, um búfalo selvagem.
Segue o búfalo, só … mas suspende-lhe o passo O
ofidiano cruel que o ataca de repente,
E que o prende, a silvar, com suas roscas de aço.
Tenta o pobre lutar; os chavelhos enresta;
Mas tomba de cansaço e morre … Tristemente
No alto se esconde a lua, e cala-se a floresta …
https://www.google.com/amp/s/vestibular1.com.br/resumos/resumos-de-livros/marmores-de-francisca-julia-da-silva/amp/
Não está correto. Somente os poemas da tríade parnarsiana.
ResponderExcluirDaniel Moreira 2°Ano AM-
ResponderExcluirVisões que na alma o céu do exílio incuba,
Mortais visões! Fuzila o azul infando...
Coleia, basilisco de ouro, ondeando
O Níger... Bramem leões de fulva juba...
Uivam chacais... Ressoa a fera tuba
Dos cafres, pelas grotas retumbando,
E a estrelada das árvores, que um bando
De paquidermes colossais derruba...
Como o guaraz nas rubras penhas dorme,
Dorme em nimbos de sangue o sol oculto...
Fuma o saibro africano incandescente...
Vai com a sombra crescendo o vulto enorme
Do baobá... E cresce na alma o vulto
De uma tristeza, imensa, imensamente...
https://m.mensagenscomamor.com/mensagem/153036
Muito bem.
ExcluirGleize Santos 2°Ano AM-
ResponderExcluirÀ Minha Filha
Vejo em ti repetida,
A anos de distância,
A minha própria vida,
A minha própria infância.
É tal a semelhança,
É tal a identidade,
Que é só em ti, criança,
Que entendo a eternidade.
Todo o meu ser se exala,
Se reproduz no teu:
É minha a tua fala,
Quem vive em ti, sou eu.
Sorris como eu sorria,
Cismas do meu cismar,
O teu olhar copia,
Espelha o meu olhar.
És como a emanação,
Como o prolongamento,
Quer do meu coração,
Quer do meu pensamento.
Encarnas de tal modo
Minha alma fugitiva,
Que eu não morri de todo
Enquanto sejas viva!
Por que mistério imenso
Se fez a transmissão
De quanto sinto e penso
Para esse coração?
Foi como se eu andasse
Noutra alma a semear
Meu peito, minha face,
Meu riso, meu olhar...
Meus íntimos desejos,
Meus sonhos mais doirados,
Florindo com meus beijos
Os campos semeados.
Bendita é a colheita,
Deus confiou em nós...
Colhi-te, flor perfeita,
Eco da minha voz!
Foi o amor, foi o amor,
Ó filha idolatrada,
O sopro criador
Que te tirou do nada!
Deus bendito e louvado,
Ó filha estremecida,
Por te cá ter mandado
A reviver-me a vida!
http://www.citador.pt/poemas/a-minha-filha-alberto-doliveira
Muito bem.
ExcluirRuann Carlos 2°AM
ResponderExcluirA Velhice
O neto:
Vovó, por que não tem dentes?
Por que anda rezando só.
E treme, como os doentes
Quando têm febre, vovó?
Por que é branco o seu cabelo?
Por que se apóia a um bordão?
Vovó, porque, como o gelo,
É tão fria a sua mão?
Por que é tão triste o seu rosto?
Tão trêmula a sua voz?
Vovó, qual é seu desgosto?
Por que não ri como nós?
A Avó:
Meu neto, que és meu encanto,
Tu acabas de nascer...
E eu, tenho vivido tanto
Que estou farta de viver!
Os anos, que vão passando,
Vão nos matando sem dó:
Só tu consegues, falando,
Dar-me alegria, tu só!
O teu sorriso, criança,
Cai sobre os martírios meus,
Como um clarão de esperança,
Como uma benção de Deus!
Olavo Bilac
https://m.mensagenscomamor.com/mensagem/84992
Muito bem.
ExcluirYasmim Guedes 2ano BM
ResponderExcluirVASO CHINÊS
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o.
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.
Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas, talvez por contraste à desventura,
Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura;
Que arte em pintá-la! a gente acaso vendo-a,
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
(Sonetos e poemas, 1886.)
ALBERTO OLIVEIRA
http://www.academia.org.br/academicos/alberto-de-oliveira/textos-escolhidos
Muito bem.
ExcluirMal Secreto
ResponderExcluirRaimundo Correia
Se a cólera que espuma, a dor que mora
Na alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
https://m.mensagenscomamor.com/poemas-raimundo-correia
Muito bem.
ExcluirMaria Joana 2AV
ResponderExcluirMal Secreto
Raimundo Correia
Se a cólera que espuma, a dor que mora
Na alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
https://m.mensagenscomamor.com/poemas-raimundo-correia
Muito bem.
ExcluirKaroline Santana 2°BM
ResponderExcluirO PIOR DOS MALES
Baixando à Terra, o cofre em que guardados
Vinham os Males, indiscreta abria
Pandora. E eis deles desencadeados
À luz, o negro bando aparecia.
O Ódio, a Inveja, a Vingança, a Hipocrisia,
Todos os Vícios, todos os Pecados
Dali voaram. E desde aquele dia
Os homens se fizeram desgraçados.
Mas a Esperança, do maldito cofre
Deixara-se ficar presa no fundo,
Que é última a ficar na angústia humana...
Por que não voou também? Para quem sofre
Ela é o pior dos males que há no mundo,
Pois dentre os males é o que mais engana.
(Poesias, 2ª série, 1906.)
http://www.academia.org.br/academicos/alberto-de-oliveira/textos-escolhidos
Muito bem.
ExcluirVia-Láctea
ResponderExcluirXIII
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas”.
Olavo Bilac
https://www.google.com.br/amp/s/www.todamateria.com.br/olavo-bilac/amp/
Emilly Brito, 2°AM
Luiz Eduardo 2°A-V
ResponderExcluirRima
Raimundo Correia
Rondo pela noite
Imaginando mil coisas
Meditando sozinho
Até a madrugada
Isto tudo é tão contrário
Medo e coragem
Amor e ódio
Revolta e compreensão
Mas nada rima nesse mundo
Apenas eu e você restávamos
Resto do que o mundo já foi
Intensamente, imensamente, eternamente
Até mesmo nós sucumbimos
Reavaliamos nossa condição
Indiferentes, deixamos de rimar
Menos um casal no mundo
Agora ando sozinho
Meditando noite adentro
Imaginando e esquecendo mil e uma coisas
Rondando até a madrugada
https://m.mensagenscomamor.com/mensagem/153016
Flor da Mocidade - Machado de Assis
ResponderExcluirEu conheço a mais bela flor;
És tu, rosa da mocidade,
Nascida, aberta para o amor.
Eu conheço a mais bela flor.
Tem do céu a serena cor,
E o perfume da virgindade.
Eu conheço a mais bela flor,
És tu, rosa da mocidade.
Vive às vezes na solidão,
Coma filha da brisa agreste.
Teme acaso indiscreta mão;
Vive às vezes na solidão.
Poupa a raiva do furacão
Suas folhas de azul celeste.
Vive às vezes na solidão,
Como filha da brisa agreste.
Colhe-se antes que venha o mal,
Colhe-se antes que chegue o inverno;
Que a flor morta já nada val.
Colhe-se antes que venha o mal.
Quando a terra é mais jovial
Todo o bem nos parece eterno.
Colhe-se antes que venha o mal,
Colhe-se antes que chegue o inverno.
Turma 2ano AM
Aluna =AMANDA Silva
https://www.infoescola.com>literatura
Não está correto. Deve ser um poema de um dos poetas da tríade parnasina.
ExcluirRaimundo Correia (Raimundo da Mota de Azevedo Correia), magistrado, professor, diplomata e poeta, nasceu em 13 de maio de 1859, a bordo do navio brasileiro São Luís, ancorado na Baía de Mogúncia, MA, e faleceu em Paris, França, em 13 de setembro de 1911.
ResponderExcluirForam seus pais o Desembargador José Mota de Azevedo Correia, descendente dos duques de Caminha, e Maria Clara Vieira da Silva. Vindo a família para a Corte, o pequeno Raimundo foi matriculado no Internato do Colégio Nacional, hoje Pedro II, onde concluiu os estudos preparatórios em 1876. No ano seguinte, matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo. Ali encontrou um grupo de rapazes entre os quais estavam Raul Pompeia, Teófilo Dias, Eduardo Prado, Afonso Celso, Augusto de Lima, Valentim Magalhães, Fontoura Xavier e Silva Jardim, todos destinados a ser grandes figuras das letras, do jornalismo e da política.
Em São Paulo, no tempo de estudante, colaborou em jornais e revistas. Estreou na literatura em 1879, com o volume de poesias Primeiros sonhos. Em 1883, publicou as Sinfonias, onde se encontra um dos mais conhecidos sonetos da língua portuguesa, “As pombas”. Este poema valeu a Raimundo Correia o epíteto de “o Poeta das pombas”, que ele, em vida, tanto detestou. Recém-formado, veio para o Rio de Janeiro, sendo logo nomeado promotor de justiça de São João da Barra e, em fins de 1884, era juiz municipal e de órfãos e ausentes em Vassouras. Em 21 de dezembro daquele ano casou-se com Mariana Sodré, de ilustre família fluminense. Em Vassouras, começou a publicar poesias e páginas de prosa no jornal O Vassourense, do poeta, humanista e músico Lucindo Filho, no qual colaboravam nomes ilustres: Olavo Bilac, Coelho Neto, Alberto de Oliveira, Lúcio de Mendonça, Valentim Magalhães, Luís Murat, e outros. Em começos de 1889, foi nomeado secretário da presidência da Província do Rio de Janeiro, no governo do conselheiro Carlos Afonso de Assis Figueiredo. Após a proclamação da República, foi preso. Sendo notórias as suas convicções republicanas, foi solto, logo a seguir, e nomeado juiz de direito em São Gonçalo de Sapucaí, no sul de Minas.
www.academia.org.br
A Cavalgada
ResponderExcluirRaimundo Correia
A lua banha a solitária estrada...
Silêncio!... mas além, confuso e brando,
O som longínquo vem se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.
São fidalgos que voltam da caçada;
Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando,
E as trompas a soar vão agitando
O remanso da noite embalsamada...
E o bosque estala, move-se, estremece...
Da cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se após no centro da montanha...
E o silêncio outra vez soturno desce,
E límpida, sem mácula, alvacenta
A lua a estrada solitária banha...
m.mensagenscomamor.com
Eliseu de Santana
Roberta Lopes(2°BM)
ResponderExcluirA JANELA E O SOL
“Deixa-me entrar, - dizia o sol - suspende
A cortina, soabre-te! Preciso
O íris trêmulo ver que o sonho acende
Em seu sereno virginal sorriso.
Dá-me uma fresta só do paraíso
Vedado, se o ser nele inteiro ofende...
E eu, como o eunuco, estúpido, indeciso,
Ver-lhe-ei o rosto que na sombra esplende.”
E, fechando-se mais, zelosa e firme,
Respondia a janela: “Tem-te, ousado!
Não te deixo passar! Eu, néscia, abrir-me!
E esta que dorme, sol, que não diria
Ao ver-te o olhar por trás do cortinado,
E ao ver-se a um tempo desnudada e fria?!”
Alberto Oliveira
http://www.academia.org.br/academicos/alberto-de-oliveira/textos-escolhidos
A Velhice
ResponderExcluirOlavo Bilac
O neto:
Vovó, por que não tem dentes?
Por que anda rezando só.
E treme, como os doentes
Quando têm febre, vovó?
Por que é branco o seu cabelo?
Por que se apóia a um bordão?
Vovó, porque, como o gelo,
É tão fria a sua mão?
Por que é tão triste o seu rosto?
Tão trêmula a sua voz?
Vovó, qual é seu desgosto?
Por que não ri como nós?
A Avó:
Meu neto, que és meu encanto,
Tu acabas de nascer...
E eu, tenho vivido tanto
Que estou farta de viver!
Os anos, que vão passando,
Vão nos matando sem dó:
Só tu consegues, falando,
Dar-me alegria, tu só!
O teu sorriso, criança,
Cai sobre os martírios meus,
Como um clarão de esperança,
Como uma benção de Deus!
Erick Menezes Lopes (2°BM)
Alberto de oliveira
ResponderExcluirEmilly kettelly 2°ano- Vespertino
CHEIRO DE ESPÁDUA
“Quando a valsa acabou, veio à janela,
Sentou-se. O leque abriu. Sorria e arfava,
Eu, viração da noite, a essa hora entrava
E estaquei, vendo-a decotada e bela.
Eram os ombros, era a espádua, aquela
Carne rosada um mimo! A arder na lava
De improvisa paixão, eu, que a beijava,
Hauri sequiosa toda a essência dela!
Deixei-a, porque a vi mais tarde, oh! ciúme!
Sair velada da mantilha. A esteira
Sigo, até que a perdi, de seu perfume.
E agora, que se foi, lembrando-a ainda,
Sinto que à luz do luar nas folhas, cheira
Este ar da noite àquela espádua linda!”
http://www.academia.org.br/academicos/alberto-de-oliveira/textos-escolhidos
Victor Santiago 2ano Vespertino
ResponderExcluirOUVIR ESTRELAS (Olavo Bilac)
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."
(Poesias, Via-Láctea, 1888.)
https://m.brasilescola.uol.com.br/literatura/cinco-poemas-olavo-bilac.htm
ExcluirO ÍDOLO. Tadeu Souza 1 BV2
ResponderExcluirSobre um trono de mármore sombrios,
Em templo escuro, há muito abandonado,
Em seu grande silêncio, austero e frio
Um ídolo de gesso está sentado.
E como à estranha mão, a paz silente
Quebrando em torno às funerárias urnas,
Ressoa um órgão compassadamente
Pelas amplas abóbadas soturnas.
Cai fora a noite - mar que se retrata
Em outro mar - dois pélagos azuis;
Num as ondas - alcíones de prata,
No outro os astros - alcíones de luz.
E de seu negro mármore no trono
O ídolo de gesso está sentado.
Assim um coração repousa em sono...
Assim meu coração vive fechado.
ALBERTO OLIVEIRA
http://www.academia.org.br/academicos/alberto-de-oliveira/textos-escolhidos