domingo, 11 de novembro de 2018



Parnasianismo

O termo Parnasianismo surgido na França para nomear o grupo de poetas reunidos nas antologias intituladas Le Parnasse Contemporain, publicadas a partir de 1866, tornou-se nome de Escola e estendeu-se a outros países, como o Brasil. Conforme afirma Antônio Cândido: "Além do francês, só no Brasil houve um movimento chamado Parnasianismo, diretamente inspirado nele". (CANDIDO, Antonio; CASTELLO, J. Aderaldo. Presença da Literatura Brasileira. Volume II. São Paulo/Rio de Janeiro: Difel, 1968, p. 124).


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A tríade parnasiana é a forma como ficou conhecido o grupo de três poetas parnasianos brasileiros de maior destaque: Alberto OliveiraRaimundo Correia e Olavo Bilac.

Pesquise sobre um dos autores parnasianos e suas obras. Escreva no comentário um poema com referência do site pesquisado.

39 comentários:

  1. Adriel Souza 2°ano AM-

    O ÍDOLO

    Sobre um trono de mármore sombrio,
    Em templo escuro, há muito abandonado,
    Em seu grande silêncio, austero e frio
    Um ídolo de gesso está sentado.

    E como à estranha mão, a paz silente
    Quebrando em torno às funerárias urnas,
    Ressoa um órgão compassadamente
    Pelas amplas abóbadas soturnas.

    Cai fora a noite - mar que se retrata
    Em outro mar - dois pélagos azuis;
    Num as ondas - alcíones de prata,
    No outro os astros - alcíones de luz.

    E de seu negro mármore no trono
    O ídolo de gesso está sentado.
    Assim um coração repousa em sono...
    Assim meu coração vive fechado.

    ALBERTO OLIVEIRA

    http://www.academia.org.br/academicos/alberto-de-oliveira/textos-escolhidos

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  2. João Victor 2°BM

    Dormes…

    Dormes… Mas que sussurro a umedecida
    Terra desperta? Que rumor enleva
    As estrelas, que no alto a Noite leva
    Presas, luzindo, à túnica estendida?
    São meus versos! Palpita a minha vida
    Neles, falenas que a saudade eleva
    De meu seio, e que vão, rompendo a treva,
    Encher teus sonhos, pomba adormecida!
    Dormes, com os seios nus, no travesseiro
    Solto o cabelo negro… e ei-los, correndo,
    Doudejantes, sutis, teu corpo inteiro
    Beijam-te a boca tépida e macia,
    Sobem, descem, teu hálito sorvendo
    Por que surge tão cedo a luz do dia?!

    Olavo Bilac

    https://www.google.com.br/url?sa=t&source=web&rct=j&url=https://escolaeducacao.com.br/amp/melhores-poemas-de-olavo-bilac/&ved=2ahUKEwjI_OzJztfeAhWDlZAKHeaGBMgQFjAiegQIAxAB&usg=AOvVaw2lI5LqXFrZ-HCf0igOpibd&ampcf=1

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  3. AMOR E VIDA

    Esconde-me a alma, no íntimo, oprimida,
    Este amor infeliz, como se fora
    Um crime aos olhos dessa, que ela adora,
    Dessa, que crendo-o, crera-se ofendida.

    A crua e rija lâmina homicida
    Do seu desdém vara-me o peito; embora,
    Que o amor que cresce nele, e nele mora,
    Só findará quando findar-me a vida!

    Ó meu amor! como num mar profundo,
    Achaste em mim teu álgido, teu fundo,
    Teu derradeiro, teu feral abrigo!

    E qual do rei de Tule a taça de ouro,
    Ó meu sacro, ó meu único tesouro!
    Ó meu amor! tu morrerás comigo!
    (Sinfonias, 1883.)


    Raimundo Correia


    http://www.academia.org.br/academicos/raimundo-correia/biografia

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  5. Jeiseane Silva 1°BV 2


    Maio (François Coppée - tradução de Raimundo Correia)

    Há um mês foste-te embora;
    E eu sofro de ti distante,
    Embalde viceja agora
    O lilás fresco e odorante.

    A sós, fujo ao claro brilho
    Deste céu que me exaspera,
    Pois aumenta o horror do exílio
    O esplendor da primavera.

    Contra os vidros transparentes
    Da alcova de onde não saio,
    Batendo as asas trementes
    Ouço os insectos de Maio.

    Do sol ao rútilo beijo
    Cerro os lábios, desgostoso,
    E só, do lilás desejo
    O húmido ramo cheiroso;

    Pois em meio às suas dores,
    Do lilás, minh'alma em ânsia,
    Vê teus olhares — nas flores,
    Teu hálito — na fragrância.





    https://www.google.com/amp/s/www.infoescola.com/literatura/parnasianismo/amp/

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  6. Emilly Silva- 2BM


    Mármores de Francisca Júlia da Silva – em sonda

    Quieta, enrolada a um tronco, ameaçadora e hedionda,
    A boa espia … Em cima estende-se a folhagem
    Que um vento manso faz oscilar, de onda em onda,
    Com a sua noturna e amorosa bafagem.

    Um luar mortiço banha a floresta de Sonda,
    Desde a copa da faia à esplêndida pastagem;
    O ofidiano, escondido, olhos abertos, sonda …
    Vai passando, tranquilo, um búfalo selvagem.

    Segue o búfalo, só … mas suspende-lhe o passo O
    ofidiano cruel que o ataca de repente,
    E que o prende, a silvar, com suas roscas de aço.

    Tenta o pobre lutar; os chavelhos enresta;
    Mas tomba de cansaço e morre … Tristemente
    No alto se esconde a lua, e cala-se a floresta …

    https://www.google.com/amp/s/vestibular1.com.br/resumos/resumos-de-livros/marmores-de-francisca-julia-da-silva/amp/

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  7. Não está correto. Somente os poemas da tríade parnarsiana.

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  8. Daniel Moreira 2°Ano AM-

    Visões que na alma o céu do exílio incuba,
    Mortais visões! Fuzila o azul infando...
    Coleia, basilisco de ouro, ondeando
    O Níger... Bramem leões de fulva juba...

    Uivam chacais... Ressoa a fera tuba
    Dos cafres, pelas grotas retumbando,
    E a estrelada das árvores, que um bando
    De paquidermes colossais derruba...

    Como o guaraz nas rubras penhas dorme,
    Dorme em nimbos de sangue o sol oculto...
    Fuma o saibro africano incandescente...

    Vai com a sombra crescendo o vulto enorme
    Do baobá... E cresce na alma o vulto
    De uma tristeza, imensa, imensamente...

    https://m.mensagenscomamor.com/mensagem/153036

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  9. Gleize Santos 2°Ano AM-

    À Minha Filha
    Vejo em ti repetida,
    A anos de distância,
    A minha própria vida,
    A minha própria infância.

    É tal a semelhança,
    É tal a identidade,
    Que é só em ti, criança,
    Que entendo a eternidade.

    Todo o meu ser se exala,
    Se reproduz no teu:
    É minha a tua fala,
    Quem vive em ti, sou eu.

    Sorris como eu sorria,
    Cismas do meu cismar,
    O teu olhar copia,
    Espelha o meu olhar.

    És como a emanação,
    Como o prolongamento,
    Quer do meu coração,
    Quer do meu pensamento.

    Encarnas de tal modo
    Minha alma fugitiva,
    Que eu não morri de todo
    Enquanto sejas viva!

    Por que mistério imenso
    Se fez a transmissão
    De quanto sinto e penso
    Para esse coração?

    Foi como se eu andasse
    Noutra alma a semear
    Meu peito, minha face,
    Meu riso, meu olhar...

    Meus íntimos desejos,
    Meus sonhos mais doirados,
    Florindo com meus beijos
    Os campos semeados.

    Bendita é a colheita,
    Deus confiou em nós...
    Colhi-te, flor perfeita,
    Eco da minha voz!

    Foi o amor, foi o amor,
    Ó filha idolatrada,
    O sopro criador
    Que te tirou do nada!

    Deus bendito e louvado,
    Ó filha estremecida,
    Por te cá ter mandado
    A reviver-me a vida!

    http://www.citador.pt/poemas/a-minha-filha-alberto-doliveira

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  10. Ruann Carlos 2°AM

    A Velhice

    O neto:
    Vovó, por que não tem dentes?
    Por que anda rezando só.
    E treme, como os doentes
    Quando têm febre, vovó?
    Por que é branco o seu cabelo?
    Por que se apóia a um bordão?
    Vovó, porque, como o gelo,
    É tão fria a sua mão?
    Por que é tão triste o seu rosto?
    Tão trêmula a sua voz?
    Vovó, qual é seu desgosto?
    Por que não ri como nós?

    A Avó:
    Meu neto, que és meu encanto,
    Tu acabas de nascer...
    E eu, tenho vivido tanto
    Que estou farta de viver!
    Os anos, que vão passando,
    Vão nos matando sem dó:
    Só tu consegues, falando,
    Dar-me alegria, tu só!
    O teu sorriso, criança,
    Cai sobre os martírios meus,
    Como um clarão de esperança,
    Como uma benção de Deus!

    Olavo Bilac

    https://m.mensagenscomamor.com/mensagem/84992

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  11. Yasmim Guedes 2ano BM

    VASO CHINÊS

    Estranho mimo aquele vaso! Vi-o.
    Casualmente, uma vez, de um perfumado
    Contador sobre o mármor luzidio,
    Entre um leque e o começo de um bordado.

    Fino artista chinês, enamorado,
    Nele pusera o coração doentio
    Em rubras flores de um sutil lavrado,
    Na tinta ardente, de um calor sombrio.

    Mas, talvez por contraste à desventura,
    Quem o sabe?... de um velho mandarim
    Também lá estava a singular figura;

    Que arte em pintá-la! a gente acaso vendo-a,
    Sentia um não sei quê com aquele chim
    De olhos cortados à feição de amêndoa.

    (Sonetos e poemas, 1886.)

    ALBERTO OLIVEIRA

    http://www.academia.org.br/academicos/alberto-de-oliveira/textos-escolhidos

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  12. Mal Secreto
    Raimundo Correia

    Se a cólera que espuma, a dor que mora
    Na alma, e destrói cada ilusão que nasce,
    Tudo o que punge, tudo o que devora
    O coração, no rosto se estampasse;

    Se se pudesse o espírito que chora
    Ver através da máscara da face,
    Quanta gente, talvez, que inveja agora
    Nos causa, então piedade nos causasse!

    Quanta gente que ri, talvez, consigo
    Guarda um atroz, recôndito inimigo,
    Como invisível chaga cancerosa!

    Quanta gente que ri, talvez existe,
    Cuja a ventura única consiste
    Em parecer aos outros venturosa!



    https://m.mensagenscomamor.com/poemas-raimundo-correia

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  13. Maria Joana 2AV

    Mal Secreto
    Raimundo Correia

    Se a cólera que espuma, a dor que mora
    Na alma, e destrói cada ilusão que nasce,
    Tudo o que punge, tudo o que devora
    O coração, no rosto se estampasse;

    Se se pudesse o espírito que chora
    Ver através da máscara da face,
    Quanta gente, talvez, que inveja agora
    Nos causa, então piedade nos causasse!

    Quanta gente que ri, talvez, consigo
    Guarda um atroz, recôndito inimigo,
    Como invisível chaga cancerosa!

    Quanta gente que ri, talvez existe,
    Cuja a ventura única consiste
    Em parecer aos outros venturosa!



    https://m.mensagenscomamor.com/poemas-raimundo-correia

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  14. Karoline Santana 2°BM

    O PIOR DOS MALES

    Baixando à Terra, o cofre em que guardados
    Vinham os Males, indiscreta abria
    Pandora. E eis deles desencadeados
    À luz, o negro bando aparecia.

    O Ódio, a Inveja, a Vingança, a Hipocrisia,
    Todos os Vícios, todos os Pecados
    Dali voaram. E desde aquele dia
    Os homens se fizeram desgraçados.

    Mas a Esperança, do maldito cofre
    Deixara-se ficar presa no fundo,
    Que é última a ficar na angústia humana...

    Por que não voou também? Para quem sofre
    Ela é o pior dos males que há no mundo,
    Pois dentre os males é o que mais engana.

    (Poesias, 2ª série, 1906.)


    http://www.academia.org.br/academicos/alberto-de-oliveira/textos-escolhidos

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  15. Via-Láctea
    XIII
    “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
    Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
    Que, para ouvi-las, muita vez desperto
    E abro as janelas, pálido de espanto…

    E conversamos toda a noite, enquanto
    A via-láctea, como um pálio aberto,
    Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
    Inda as procuro pelo céu deserto.

    Direis agora: “Tresloucado amigo!
    Que conversas com elas? Que sentido
    Tem o que dizem, quando estão contigo?”

    E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
    Pois só quem ama pode ter ouvido
    Capaz de ouvir e de entender estrelas”.

    Olavo Bilac

    https://www.google.com.br/amp/s/www.todamateria.com.br/olavo-bilac/amp/

    Emilly Brito, 2°AM

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  16. Luiz Eduardo 2°A-V

    Rima

    Raimundo Correia

    Rondo pela noite
    Imaginando mil coisas
    Meditando sozinho
    Até a madrugada

    Isto tudo é tão contrário
    Medo e coragem
    Amor e ódio
    Revolta e compreensão

    Mas nada rima nesse mundo
    Apenas eu e você restávamos
    Resto do que o mundo já foi
    Intensamente, imensamente, eternamente

    Até mesmo nós sucumbimos
    Reavaliamos nossa condição
    Indiferentes, deixamos de rimar
    Menos um casal no mundo

    Agora ando sozinho
    Meditando noite adentro
    Imaginando e esquecendo mil e uma coisas
    Rondando até a madrugada

    https://m.mensagenscomamor.com/mensagem/153016

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  17. Flor da Mocidade - Machado de Assis

    Eu conheço a mais bela flor;
    És tu, rosa da mocidade,
    Nascida, aberta para o amor.
    Eu conheço a mais bela flor.
    Tem do céu a serena cor,
    E o perfume da virgindade.
    Eu conheço a mais bela flor,
    És tu, rosa da mocidade.

    Vive às vezes na solidão,
    Coma filha da brisa agreste.
    Teme acaso indiscreta mão;
    Vive às vezes na solidão.
    Poupa a raiva do furacão
    Suas folhas de azul celeste.
    Vive às vezes na solidão,
    Como filha da brisa agreste.

    Colhe-se antes que venha o mal,
    Colhe-se antes que chegue o inverno;
    Que a flor morta já nada val.
    Colhe-se antes que venha o mal.
    Quando a terra é mais jovial
    Todo o bem nos parece eterno.
    Colhe-se antes que venha o mal,
    Colhe-se antes que chegue o inverno.



    Turma 2ano AM

    Aluna =AMANDA Silva


    https://www.infoescola.com>literatura

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    1. Não está correto. Deve ser um poema de um dos poetas da tríade parnasina.

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  18. Raimundo Correia (Raimundo da Mota de Azevedo Correia), magistrado, professor, diplomata e poeta, nasceu em 13 de maio de 1859, a bordo do navio brasileiro São Luís, ancorado na Baía de Mogúncia, MA, e faleceu em Paris, França, em 13 de setembro de 1911.

    Foram seus pais o Desembargador José Mota de Azevedo Correia, descendente dos duques de Caminha, e Maria Clara Vieira da Silva. Vindo a família para a Corte, o pequeno Raimundo foi matriculado no Internato do Colégio Nacional, hoje Pedro II, onde concluiu os estudos preparatórios em 1876. No ano seguinte, matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo. Ali encontrou um grupo de rapazes entre os quais estavam Raul Pompeia, Teófilo Dias, Eduardo Prado, Afonso Celso, Augusto de Lima, Valentim Magalhães, Fontoura Xavier e Silva Jardim, todos destinados a ser grandes figuras das letras, do jornalismo e da política.

    Em São Paulo, no tempo de estudante, colaborou em jornais e revistas. Estreou na literatura em 1879, com o volume de poesias Primeiros sonhos. Em 1883, publicou as Sinfonias, onde se encontra um dos mais conhecidos sonetos da língua portuguesa, “As pombas”. Este poema valeu a Raimundo Correia o epíteto de “o Poeta das pombas”, que ele, em vida, tanto detestou. Recém-formado, veio para o Rio de Janeiro, sendo logo nomeado promotor de justiça de São João da Barra e, em fins de 1884, era juiz municipal e de órfãos e ausentes em Vassouras. Em 21 de dezembro daquele ano casou-se com Mariana Sodré, de ilustre família fluminense. Em Vassouras, começou a publicar poesias e páginas de prosa no jornal O Vassourense, do poeta, humanista e músico Lucindo Filho, no qual colaboravam nomes ilustres: Olavo Bilac, Coelho Neto, Alberto de Oliveira, Lúcio de Mendonça, Valentim Magalhães, Luís Murat, e outros. Em começos de 1889, foi nomeado secretário da presidência da Província do Rio de Janeiro, no governo do conselheiro Carlos Afonso de Assis Figueiredo. Após a proclamação da República, foi preso. Sendo notórias as suas convicções republicanas, foi solto, logo a seguir, e nomeado juiz de direito em São Gonçalo de Sapucaí, no sul de Minas.

    www.academia.org.br

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  19. A Cavalgada
    Raimundo Correia

    A lua banha a solitária estrada...
    Silêncio!... mas além, confuso e brando,
    O som longínquo vem se aproximando
    Do galopar de estranha cavalgada.

    São fidalgos que voltam da caçada;
    Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando,
    E as trompas a soar vão agitando
    O remanso da noite embalsamada...

    E o bosque estala, move-se, estremece...
    Da cavalgada o estrépito que aumenta
    Perde-se após no centro da montanha...

    E o silêncio outra vez soturno desce,
    E límpida, sem mácula, alvacenta
    A lua a estrada solitária banha...

    m.mensagenscomamor.com

    Eliseu de Santana

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  20. Roberta Lopes(2°BM)

    A JANELA E O SOL

    “Deixa-me entrar, - dizia o sol - suspende
    A cortina, soabre-te! Preciso
    O íris trêmulo ver que o sonho acende
    Em seu sereno virginal sorriso.

    Dá-me uma fresta só do paraíso
    Vedado, se o ser nele inteiro ofende...
    E eu, como o eunuco, estúpido, indeciso,
    Ver-lhe-ei o rosto que na sombra esplende.”

    E, fechando-se mais, zelosa e firme,
    Respondia a janela: “Tem-te, ousado!
    Não te deixo passar! Eu, néscia, abrir-me!

    E esta que dorme, sol, que não diria
    Ao ver-te o olhar por trás do cortinado,
    E ao ver-se a um tempo desnudada e fria?!”

    Alberto Oliveira

    http://www.academia.org.br/academicos/alberto-de-oliveira/textos-escolhidos

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  21. A Velhice
    Olavo Bilac

    O neto:
    Vovó, por que não tem dentes?
    Por que anda rezando só.
    E treme, como os doentes
    Quando têm febre, vovó?
    Por que é branco o seu cabelo?
    Por que se apóia a um bordão?
    Vovó, porque, como o gelo,
    É tão fria a sua mão?
    Por que é tão triste o seu rosto?
    Tão trêmula a sua voz?
    Vovó, qual é seu desgosto?
    Por que não ri como nós?

    A Avó:
    Meu neto, que és meu encanto,
    Tu acabas de nascer...
    E eu, tenho vivido tanto
    Que estou farta de viver!
    Os anos, que vão passando,
    Vão nos matando sem dó:
    Só tu consegues, falando,
    Dar-me alegria, tu só!
    O teu sorriso, criança,
    Cai sobre os martírios meus,
    Como um clarão de esperança,
    Como uma benção de Deus!

    Erick Menezes Lopes (2°BM)

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  22. Alberto de oliveira
    Emilly kettelly 2°ano- Vespertino

    CHEIRO DE ESPÁDUA

    “Quando a valsa acabou, veio à janela,
    Sentou-se. O leque abriu. Sorria e arfava,
    Eu, viração da noite, a essa hora entrava
    E estaquei, vendo-a decotada e bela.

    Eram os ombros, era a espádua, aquela
    Carne rosada um mimo! A arder na lava
    De improvisa paixão, eu, que a beijava,
    Hauri sequiosa toda a essência dela!

    Deixei-a, porque a vi mais tarde, oh! ciúme!
    Sair velada da mantilha. A esteira
    Sigo, até que a perdi, de seu perfume.

    E agora, que se foi, lembrando-a ainda,
    Sinto que à luz do luar nas folhas, cheira
    Este ar da noite àquela espádua linda!”



    http://www.academia.org.br/academicos/alberto-de-oliveira/textos-escolhidos

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  23. Victor Santiago 2ano Vespertino

    OUVIR ESTRELAS (Olavo Bilac)

    "Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
    Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
    Que, para ouvi-las, muita vez desperto
    E abro as janelas, pálido de espanto...

    E conversamos toda a noite, enquanto
    A via-láctea, como um pálio aberto,
    Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
    Inda as procuro pelo céu deserto.

    Direis agora: "Tresloucado amigo!
    Que conversas com elas? Que sentido
    Tem o que dizem, quando estão contigo?"

    E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
    Pois só quem ama pode ter ouvido
    Capaz de ouvir e de entender estrelas."

    (Poesias, Via-Láctea, 1888.)

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    1. https://m.brasilescola.uol.com.br/literatura/cinco-poemas-olavo-bilac.htm

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  24. O ÍDOLO. Tadeu Souza 1 BV2


    Sobre um trono de mármore sombrios,
    Em templo escuro, há muito abandonado,
    Em seu grande silêncio, austero e frio
    Um ídolo de gesso está sentado.

    E como à estranha mão, a paz silente
    Quebrando em torno às funerárias urnas,
    Ressoa um órgão compassadamente
    Pelas amplas abóbadas soturnas.

    Cai fora a noite - mar que se retrata
    Em outro mar - dois pélagos azuis;
    Num as ondas - alcíones de prata,
    No outro os astros - alcíones de luz.

    E de seu negro mármore no trono
    O ídolo de gesso está sentado.
    Assim um coração repousa em sono...
    Assim meu coração vive fechado.

    ALBERTO OLIVEIRA

    http://www.academia.org.br/academicos/alberto-de-oliveira/textos-escolhidos

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